Falta bilhete Zona Azul no Recife
Agentes de trânsito foram orientados a não multar quem estiver sem a folhinha

Estacionar nos bairros centrais do Recife está se tornando uma
tarefa cada vez mais difícil. Se não bastasse o inchaço das ruas pela
grande demanda de carros, a falta de bilhetagem Zona Azul desde a semana
passada e a inobservância da fiscalização está gerando um verdadeiro
caos no trânsito e na cabeça dos motoristas. Nesta segunda-feira (19),
durante a passagem da reportagem da Folha de Pernambuco para observar
como anda a disputa pelo espaço público nos bairros do Recife, São José e
Boa Vista, a consequência da escassez do bilhete e da fiscalização foi
sentida em vários atos infracionais. Agentes de trânsito receberam a
orientação de não multar quem estiver sem a folhinha. A Companhia de
Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) promete resolver problema ainda esta
semana.
Nas ruas e avenidas do Recife Antigo, por exemplo, carros foram
flagrados parados nas esquinas, formando filas duplas e motos sobre as
calçadas. A fiscalização no local durante boa parte do dia não foi
verificada. Naquele local, ainda tendo em vista a falta de espaço, de
cupons e de fiscais, alguns flanelinhas informavam que o bilhete estava
sendo vendido mais caro e consequentemente motoristas não estariam
pagando, estacionando em qualquer lugar.
Seguindo para o bairro de São José, a situação não era diferente com a
falta dos bilhetes. Fiscalização no local até foi constatada em um dado
momento. No entanto, não foi suficiente para impedir o descontrole dos
carros que, sem os bilhetes, mantinham-se estacionados em lugares
inapropriados. O aposentado Gilson Campelo, 67 anos, denunciou a
situação. “Está muito ruim para estacionar, não tem fiscalização. Até
nossa vaga de idoso está sendo ocupada”.
Já no bairro da Boa Vista, mais precisamente na praça Maciel
Pinheiro, o desordenamento nas vagas deixadas pela falta de Zona Azul e
de fiscalização pegou o bancário Evaldo Filho, 30 anos, e o comerciante
André Vinícius, 44, desprevenidos. Os dois estacionaram seus carros sem o
bilhete e não sabiam se seriam penalizados. “Fiquei surpreso, pois
quando chego sempre vem vários flanelinhas vender a folha. Hoje (ontem),
não veio ninguém”, disse André, ao ser informado por um flanelinha
sobre a ausência de talão e de fiscais. “Fiquei com medo de estacionar
sem o Zona Azul, mas disseram que não multava. Então, estacionei”,
acrescentou Evaldo, ao deixar a vaga que utilizou.
Confusões no trânsito e na cabeça dos usuários a parte, através de
nota à Imprensa, a CTTU informou que a escassez de talões se deu por
problemas na impressão. Entretanto, o órgão afirmou que há talões na
sede da companhia e que o fornecimento do mesmo será regularizado ainda
esta semana. Aos motoristas que usam o Zona Azul Eletrônico, a CTTU
informou que os mesmos poderão continuar a utilizá-los. O órgão
ressaltou ainda que os guardas foram orientados a não multar as pessoas
pela falta do talão, mas, aqueles condutores que realizarem atos
infracionais, como os constatados na reportagem, serão penalizados.
Cupom vendido por valor 5 vezes maior
Uma retórica bastante conhecida em economia: com o aumento da procura
e a escassez da oferta a tendência é que o preço do produto aumente. E é
justamente isso que vem acontecendo com os bilhetes do Zona Azul.
Muitos estabelecimentos credenciados estão sem o produto há uma semana.
Por causa disso há quem comercialize o cupom bem mais caro do que o
normal. Existe flanelinha cobrando até cinco vezes mais pelo valor
oficial do produto.
“Por estarmos com poucas folhas devido à falta de Zona Azul, estamos
vendendo cada ‘folhinha’ por R$ 3 e R$ 4. Só que por não ter a
fiscalização, as pessoas estão estacionando sem o Zona Azul e em
qualquer lugar”, informou o flanelinha Alex dos Santos, 32 anos.
Na praça Maciel Pinheiro, o valor da folha do Zona Azul vendida ontem
estava superinflacionado. De acordo com um flanelinha que preferiu não
se identificar, com a ausência, tem dono de fiteiro no local,
credenciado a comprar talões e revender ao consumidor final, cobrando
até 500% acima do valor oficial da folha, que é R$ 1. “Tem um aqui,
perto do antigo posto policial, que estava cobrando R$ 5 aos usuários.
Isso é um desrespeito com o cliente”, denunciou.
FONTE FOLHAPE.
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