domingo, 18 de novembro de 2012

TERCEIRA IDADE

Campeões antes tarde do que nunca

Dona Cordelita e Seu Leonel viraram atletas muito depois da "hora da aposentadoria" no esporte

Nunca é tarde para tentar. Esse é o lema de dois campeões da terceira idade que, por um capricho do destino, se tornaram atletas muito depois da “hora da aposentadoria” do mundo esportivo. Apesar de não se conhecerem, os veteranos Cordelita Nunes, de 82 anos, e Leonel Souza, 76, compartilham da mesma paixão: o esporte.

Foi só aos 69 anos que Dona Cordelita descobriu o prazer da atividade física. Mãe, avó e bisavó, a nadadora iniciou sua carreira nas piscinas praticando hidroginástica para melhorar a sua disposição. No entanto, o que parecia um simples caminho para uma vida mais saudável virou uma surpresa muito especial para ela, que se destacou dentro d’água. “Antes da hidroginástica, nunca havia entrado numa piscina na vida. Quando o professor me convidou para participar do time do Clube Português, duvidei da minha capacidade. Afinal, estava com quase 70 anos”, contou.
Durante os mais de 12 anos no esporte, a natação apresentou novos horizontes à viúva, que já viajou por boa parte do Brasil. Antes adepta do artesanato e da costura, Dona Cordelita optou por caminhos mais agitados e competitivos, acumulando impressionantes 490 medalhas, inúmeras de ouro. “Quando comecei nos torneios, após só três meses treinando, me disseram que eu não conseguiria ganhar medalhas. Trouxe um bronze e mostrei que não estava para brincadeira”, brincou a especialista nos 200m costas, que já participou de mais de 60 competições nacionais e até internacionais.
Para financiar as viagens e as inscrições, a campeã aplica toda a pequena quantia que recebe de pensão na carreira. “Essa é a hora de investir em mim, entretanto, ainda preciso de patrocínio. Faço minhas rifas, mas nem sempre o dinheiro é suficiente”, completou.

Orgulho da família e dos amigos, a esportista garante que sua vida e principalmente a sua saúde só fizeram melhorar depois da natação. Antes indisposta, ela ressaltou que aprendeu a viver de forma saudável, sempre com os exames em dia. “Me sinto mais jovem e animada. A natação é uma paixão. Só deixo as piscinas quando Jesus me chamar”, garantiu.
Professor de educação física aposentado e ex-jogador de futebol – passou pelo Náutico e Vasco –, Seu Leonel tem um currículo esportivo memorável. Apesar da decepção de ter abandonado os campos cedo, após uma grave contusão, o atleta não se deu por vencido e logo achou outra razão para correr. Desta vez, não atrás de uma bola.
Pedestrianista desde os 50 anos, o aposentado já participou de 47 maratonas, correndo por várias partes do Brasil, além de passar pela Inglaterra, Argentina, França e Estados Unidos. Apesar do histórico, a iniciação do marido de Dona Dalva foi um pouco difícil. Com medo de se aventurar em competições, Seu Leonel foi finalmente convencido por um amigo que o inscreveu para disputar, pela primeira vez, os 42,195km em busca do pódio. “Depois da primeira, não consegui mais parar. Já sofri muito para terminar as maratonas, mas também é uma das coisas mais gostosas que já pratiquei na vida”, afirmou o aposentado, que treina todos as manhãs, percorrendo as ruas de Olinda, Paulista e Abreu e Lima.
Entre os momentos mais marcantes e as muitas histórias para contar, o esportista destaca sua participação na Maratona de Nova Iorque, em 1994. Quase nevando, o nordestino penou para enfrentar o frio e finalizar a prova norte-americana. “Foi muito difícil. Eu não havia comprado roupa de frio e tive que me virar com um saco de lixo. Deu certo, me esquentou”, contou o pedestrianista, que ficou conhecido entre os companheiros de disputa como o E.T. do Brasil.
Torcedor do Santa Cruz, Seu Leonel já fez muitos amigos e conquistou mais adeptos para o esporte durante os anos de corrida. “Eu convido todo mundo para treinar comigo. Não chamo ninguém para beber, só para correr”, brinca o campeão, que, com troféus e medalhas espalhadas pela casa, não faz ideia de quantas vezes subiu no lugar mais alto do pódio.
O veterano, que chegou a percorrer mais de 50km em uma caminhada no Rio Grande do Sul, em 2003, vive em dia com os exames e com a saúde. “Não bebo e não fumo e sei que na minha faixa etária eu tenho que me cuidar. Dou de 10x0 em muito garotão”, admitiu sorridente.
Prestes a completar 77 anos, Seu Leonel não pensa em deixar o pedestrianismo e já fez toda a sua programação para 2013. Além dos treinos, disputará as maratonas de Florianópolis, Porto Alegre e Boston, nos Estados Unidos.
FONTE NE 10

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