AGRESSÃO
Denúncia de maus-tratos na Colônia Penal Feminina do Recife
Mães de reeducandas dizem que filhas são agredidas e humihadas

Violência, comida estragada e
humilhações. Mais uma vez, uma unidade de ressocialização de Pernambuco é
alvo de denúncias de maus-tratos. Mães de detentas que cumprem pena na
Colônia Penal Feminina do Recife estão denunciando o tratamento que as
filhas recebem. Uma mulher de 60 anos, que prefere não se identificar,
diz que a filha relata todo tipo de violência. “As refeições são
servidas com bichos, tapurus, tem até pedaço de frango ainda com penas. A
água que elas bebem fica em um reservatório em que pombos defecam. Se
as famílias levam comida ou água para elas, as coisas são jogadas fora.
Não há condições de higiene, são celas de 25 metros quadrados com 32
mulheres”, desabafou a mãe de reeducanda.
A ouvidora central do sistema penitenciário da Secretaria de
Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Cibele Lopes, confirma que
recebeu algumas denúncias a respeito da Colônia Feminina, sendo a última
sobre um surto de diarreia na unidade. “A Gerência de Saúde já tomou
ciência deste problema, mas ele já está sendo equacionado e não chegou a
gerar nenhum quadro de desnutrição nas detentas”, pontuou. Cibele
afirmou ainda que outras denúncias estão sendo investigadas pela
Inteligência da Secretaria de ressocializaçã (Seres). “Queremos deixar
claro para a população que a política de Governo não é a da tortura.
Estamos combatendo a prática da tortura dentro das unidades e, para
isso, contamos com a população, que tem que saber que deve, sim, nos
procurar. Levar esse tipo de crime a público é exercer cidadania e
cobrar direitos”, alertou a ouvidora, que garantiu o anonimato das
informações.
A mãe da detenta contou ainda que não tem mais paz. “Na semana passada
houve uma informação de que haveria um telefone em um dos pavilhões.
Quando eles foram fazer as revistas, rasgaram as roupas das detentas,
jogaram água sanitária em cima”, relatou ela, acrescentando ainda que as
cenas de violência são comuns. “As meninas levam coronhadas, são
ameaçadas com armas de alto calibre na cabeça. Aquilo é um submundo. Ali
não tem reeducando, as meninas são maltratadas para virarem monstros.
Eu sei que tem pessoas criminosas, mas elas já estão pagando pelo que
fizeram”.
O superintendente de Segurança Penitenciária da Secretaria de
Ressocialização (Seres), coronel Cliton Paiva, afirmou que desconhece
as denúncias, mas que elas serão investigadas caso a caso. “A comida de
todas as unidades é boa qualidade, temos, inclusive, nutricionistas.
Em relação aos maus tratos, vamos investigar e caso esses relatos sejam
confirmados, abriremos sindicância para apurar tudo com rigor. A
secretaria não admite esse tipo de comportamento dos seus funcionários”.
Qualquer pessoa que precise fazer uma denúncia sobre o sistema
carcerário pode procurar o Ministério Público. “O denunciante será
ouvido e vamos iniciar um procedimento para apurar o caso e cobrar
providências para sanar ou minimizar a situação. Sabemos que não só no
Estado, mas em todo o Brasil, o sistema carcerário é um grave problema.
As famílias têm que denunciar”, informou o promotor da Segunda Vara de
Execuções Penais, Marcellus Ugiettes.
FONTE FOLHAPE.
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