FUNERAL
Familiares e amigos se despedem de Samambaia em meio a sentimentos de revolta
Nesta quarta haverá reunião no MPPE com o titular da promotoria de Direitos Humanos
Priscilla Aguiar/Folha de Pernambuco

Um sentimento de revolta e
insatisfação tomou conta do velório do estudante universitário Raimundo
Matias Dantas Neto, de 25 anos, conhecido como “Samambaia”, que
aconteceu na tarde desta terça-feira (08) no cemitério de Santo Amaro,
na área Central do Recife. O corpo do rapaz foi enterrado por volta das
14h40. O momento foi embalado por uma canção tocada por um amigo, no
qual o refrão dizia: "Queremos explicação para Samambaia estudante, para
Samambaia irmão", reproduzia o coro.
O irmão mais velho, o eletricista José Matias Dantas, cobrou Justiça e
uma resposta mais concreta sobre o que causou a morte do parente. “Meu
irmão não sabia nadar e não entraria no mar sabendo de sua condição, por
isso, com certeza, ele não foi à praia por livre e espontânea vontade.
Outra coisa, não foram encontrados os cartões de crédito e nem o celular
que ele portava quando saiu de casa para comprar um notebook”,
destacou.
Ainda segundo Matias, Samambaia era uma pessoa calma e pacata e acredita
que ninguém tinha motivos para matar o irmão. “Ele era tão tranquilo
que quem chegava perto dele se sentia contagiado. Sempre tinha um
sorriso no rosto e nunca foi de arrumar confusão com ninguém. Se alguém
fez isso com ele foi por inveja”, contou.
do estudante
Para a professora de Ciências Sociais, Liana Lewis, especialista em
relações raciais, o crime tem características de racismo. “Se de fato
seus dreadlocks foram arrancados, sua bermuda foi rasgada e o seu corpo
aparentava sinais de espancamento, como mostrava as fotos apresentadas à
família, então ele foi brutalmente assassinado e isso caracteriza um
crime de racismo. É mais um jovem negro que morre de forma brutal e
queremos chamar atenção para como a sociedade é violenta e como existe
uma institucionalização dessa violência”, explicou.
Ainda de acordo com Lewis, nesta quarta-feira (08), às 14h, haverá uma
reunião no Ministério Público, na avenida Suassuna, com o titular da
promotoria de Direitos Humanos, Westei Conde, para falar sobre medidas a
serem tomadas daqui para frente.
O jovem saiu de casa, no bairro de Jardim Fragoso, em Olinda, na tarde
da quarta-feira (02) e teria informado aos parentes que iria realizar
uma pesquisa de preços para comprar um notebook. Na última sexta-feira
(04), ele foi encontrado morto, na praia de Boa Viagem, Zona Sul do
Recife. Parentes e amigos se mostram inconformados com o caso, desde a
divulgação do laudo com a causa morte apontando afogamento e com as
fotos do corpo que, segundo os próprios familiares, apresentava sinais
de espacancamento. As investigações estão sob a responsabilidade da
titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Gleide
Ângelo.
FONTE FOLHAPE
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