domingo, 17 de março de 2013

Ciclistas também precisam de limites


Ciclistas também precisam de limites

Ciclistas devem atravessar na faixa empurrando a bicicleta, nunca pedalando. Fotos: Alexandre Gondim/JC Imagem
Ciclistas devem atravessar na faixa empurrando a bicicleta, nunca pedalando. Fotos: Alexandre Gondim/JC Imagem

Os ciclistas precisam conhecer melhor seus deveres no trânsito. Os direitos, muitos conhecem e exigem. Além de prioridade nas ruas, com a implantação de ciclovias ou ciclofaixas, a nova classe adepta da bicicleta necessita de conscientização sobre o papel que possui quando pedala. Sabendo que nem sempre ela é a vítima. Precisa lembrar que, assim como os motoristas de veículos automotores, tem inúmeras regras para obedecer. Tem limites a respeitar. Não são todos, mas muitos deles. Sob pena de, num confronto com um veículo, por menor que seja, sempre levar a pior. Por isso, o bom senso nunca se fez tão necessário, principalmente nos tempos atuais, quando a classe média tem usado a bike para reivindicar uma nova mobilidade urbana e, consequentemente, cidades melhores para se viver.
A morte de um ciclista de apenas 16 anos na semana retrasada, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, reacendeu a discussão sobre a postura que os usuários da bicicleta precisam adotar no trânsito. O caso ainda está sendo investigado pela Polícia Civil, mas as imagens da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) deixam claro que o jovem foi imprudente ao desrespeitar regras básicas do trânsito criadas exatamente para aqueles que usam bicicleta. Atravessou uma via de movimento com o sinal aberto para os veículos, sequer olhou de lado – provavelmente iludido pelos pedestres que também se arriscavam na travessia – e, ao passar sobre a faixa de pedestres, pedalava a bicicleta, quando o certo seria estar desmontado, empurrando-a. Também não usava capacete, um equipamento que, talvez, o mantivesse vivo, apesar do forte impacto da queda depois que seu corpo foi lançado longe pelo veículo que o atropelou.
O certo é o ciclista parar atrás dos veículos, especialmente os ônibus, e aguardar para continuar pedalando.
O certo é o ciclista parar atrás dos veículos, especialmente os ônibus, e aguardar para continuar pedalando.
O resultado é que o jovem pagou com a própria vida. Era o mais frágil e pagou um preço alto por isso. Também poderia estar morto se tivesse tomado todos os cuidados exigidos pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e o motorista avançasse o sinal vermelho, por exemplo. Mas não foi o que aconteceu. Pelo CTB, os carros têm que dar prioridade aos ciclistas e estes, por sua vez, aos pedestres. A maior legislação de trânsito do País tem o intuito de preservar a vida, antes de tudo. Não prioriza o tráfego de veículos, como muita gente pensa. Ao contrário, diz que o mais fraco tem vez sobre o mais forte. Mas a boa intenção só funciona na teoria. Na prática, tudo é diferente. “A nossa esperança é, de fato, a educação, a conscientização do ciclista. Precisamos educar o cidadão, sem importar se ele é motorista, ciclista ou pedestre, até porque, na verdade, nós somos mesmo é pedestres. Mas sabemos que 90% da população descumpre as regras de trânsito, seja como motoristas, ciclistas ou pedestres. Nos dois últimos casos é extremamente perigoso porque o risco é maior, ao mesmo tempo que não temos como puní-los. O CTB prevê multas, mas elas nunca foram regulamentadas”, afirma a presidente do Conselho Estadual de Trânsito (Cetran), Simíramis Queiroz.
O ciclista na bike é um veículo e, portanto, tem que se comportar como tal, respeitando os sinais vermelhos, por exemplo.
O ciclista na bike é um veículo e, portanto, tem que se comportar como tal, respeitando os sinais vermelhos, por exemplo.

“O papel do ciclista no trânsito é uma das teclas que mais batemos. O exemplo tem que começar em casa. Já enfrentamos problemas com ciclistas que acham que podem agir da forma que bem entendem no trânsito e vamos enfrentar cada vez mais porque o número de adeptos têm aumentado. É preciso conscientizar o motorista, mas primeiro temos que conscientizar o ciclista. Não é deixar de brigar por respeito e espaço. Mas temos que conhecer as regras e respeitá-las”, ensina Markus Georgii, um dos fundadores e guias do Corujaqueira, um dos primeiros grupos de ciclistas criados em Pernambuco. Os números de atropelamentos da Secretaria Estadual de Saúde estão aí para comprovar que os ciclistas precisam, sim, ter consciência do seu papel no trânsito. Na briga com os carros, sempre levam a pior. Foram 1.213 ciclistas acidentados nos seis primeiros meses de 2012 no Estado, dos quais 34 morreram. Em 2011, foram 1.643 casos de acidentes e 51 óbitos de usuários de bicicletas.


Confira no infográfico abaixo, produzido por Hernanto Barbosa/Arte JC, os deveres e equipamentos corretos para serem usados pelos ciclistas:



FONTE NE 10.

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