Corpo de Arlindo dos Oito Baixos é velado na Câmara do Recife

Corpo de Arlindo dos Oito Baixos é velado na Câmara do Recife

Músico faleceu na quarta por complicações da diabetes.
Corpo deve ser sepultado às 17h no Cemitério de Santo Amaro, no Recife.

Corpo de Arlindo dos Oito Baixos é velado na Câmara dos Vereadores (Foto: Lorena Aquino/G1)

O corpo do músico Arlindo dos 8 Baixos está sendo velado desde o início da tarde desta quinta-feira (24) na Câmara de Vereadores do Recife, no bairro da Boa Vista, área central da capital pernambucana. Família, amigos e fãs prestaram as últimas homenagens ao músico, que faleceu ainda na quarta-feira (25), aos 71 anos, por causa de complicações da diabetes. Quando faleceu, Arlindo fazia hemodiálise no Instituto de Medicina Intergal Professor Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos, por conta da doença. Um cortejo deve sair do local do velório às 16h até o Cemitério de Santo Amaro, também no centro da cidade, onde o corpo deve ser sepultado às cinco da tarde.
O corpo chegou à Câmara pouco depois do meio-dia, após o fim da reunião plenária, sob uma onda de aplausos. Como no velório de quarta-feira, sanfoneiros, músicos e amigos de Arlindo marcaram presença no último encontro com o mestre dos oito baixos. Houve música como forma de reverenciá-lo. Estiveram presentes o filho, Raminho da Zabumba, a esposa Odete Macedo, o produtor e empresário do sanfoneiro, Roberto Andrade, amigos como Terezinha do Acordeon, Toinho do Baião, e outros músicos nordestinos.

 

Parentes de Dominguinhos enviaram coroa de flores
(Foto: Lorena Aquino/G1)

Raminho da Zabumba comentou a triste perda para a família e para a música pernambucana. Ele afirmou que levará as melhores memórias possíveis. "O tenho como referência, ídolo e pai. Aprendi tudo com ele, ele me ensinou tudo. Ele tinha um coração enorme, fazia amizade fácil", lembrou o filho. Ele pediu também que os oito baixos não sejam esquecidos, já que Arlindo era mestre no instrumento. "Ele é o único no Recife e em Pernambuco. Hoje existe uma lacuna para a sanfona de oito baixos. Foi uma grande perda para o instrumento também".

No ano passado, Arlindo dos Oito Baixos foi reconhecido como Patrimônio Vivo de Pernambuco. Muito emocionada, a viúva de Arlindo falou pouco. Odete Macedo pensava no músico com pesar. "Ele era um ótimo marido. Pai, dos melhores". Também é patrimônio vivo o mestre Galo Preto, forrozeiro e amigo de Arlindo há mais de 40 anos. "Ele começou a trabalhar comigo em 1970 e parou só quando morreu. Ele realmente é um astro dos oito baixos, essa homenagem é muito merecida".

Apesar da tristeza, o presidente da Câmara, Vicente André Gomes, afirmou que a homenagem ao músico era mais do que devida. "Arlindo é uma das referências de cultura no Recife. Como todo o poder político, temos que nos curvar em homenagens nessa hora. Não digo que a Câmara se sente orgulhosa, mas se sente no dever. Feliz do homem que chega onde Arlindo chegou, com tanta gente para sentir saudades", declarou.

 

Santana lamentou a perda (Foto: Lorena Aquino/G1)

Da Paraíba, veio o forrozeiro e radialista Biliu de Campina Grande. Amigo e admirador de Arlindo, quem ele chama de 'legenda da música'. "Algumas pessoas dizem que o fole de oito baixos está em extinção. Eu digo o contrário, digo que é só para quem tem talento. O espaço celestial está se completando, cada dia fica mais brilhante: foi mestre Dominguinhos, agora Arlindo. Enquanto isso, estamos aqui tentando levantar essa bandeira do forró", disse ele.
A presidente da Sociedade dos Forrozeiros e amiga do sanfoneiro, Tereza Accioly, mencionou os recentes falecimentos de forrozeiros como Dominguinhos, Duda da Passira e Juarez do Acordeon. Ela afirma que não pretende deixar morrer o tom dos oito baixos. "Nós damos aulas de sanfona na Sociedade e pretendemos ensinar agora a sanfona de oito baixos. Arlindo me pedia sempre para que a gente não deixasse morrer. Vamos tentar levar adiante seu legado", continuou ela.

 

Aécio aprendeu a tocar sanfona com o irmão (Foto:
Lorena Aquino/ G1)

Aécio dos Oito Baixos, irmão de Arlindo, aprendeu a tocar sanfona de oito baixos com o próprio. Ele se recorda com carinho do momento em que pediu para aprender. "Eu disse a ele que queria aprender a tocar sanfona. Ele me perguntou qual e eu disse 'essa aí mesmo, a de oito baixos'. Ele me perguntou: 'mas logo essa?', porque sabia que era a mais difícil!", contou.

Aécio disse esperar levar adiante os ensinamentos do irmão. "Era uma coisa que ele sempre me pedia, que não deixasse o instrumento morrer. Nunca vou tocar como ele, mas aprendi com a melhor pessoa possível".

FONTE G1 PE.