Impasse entre manifestantes e governo marca protesto no Recife
Marcha ocupou principal via da capital seguiu até sede do governo estadual.
Grupo arremessou pedras em policiais e Batalhão de Choque foi acionado.
PM
montou bloqueio no acesso à sede provisória do governo de Pernambuco;
manifestantes tentaram forçar a passagem e clima ficou tenso (Foto:
Reprodução / TV Globo)
Um princípio de confronto entre manifestantes e policiais militares
marcou o protesto que reuniu milhares de pessoas, nesta quarta-feira
(26), no Recife.
A confusão ocorreu por volta das 17h em frente ao Espaço Ciência, onde a
PM montou uma barreira para evitar que os participantes do ato
chegassem ao Centro de Convenções de Pernambuco, sede provisória do
governo do estado, frustrando o principal objetivo do protesto, que era
entregar uma pauta de reivindicações ao governador Eduardo Campos. Antes
de chegar ao local, os integrantes do movimento caminharam por cerca de
duas horas pela Avenida Agamenon Magalhães – principal artéria da
capital. Eles exigiam passe livre para estudantes e desempregados,
redução nas tarifas do transporte público, melhorias na educação e
saúde, compromisso dos poderes Executivo e Legislativo com a população,
entre outras reivindicações.
A marcha, que saiu da Praça do Derby por volta das 15h e até então seguia pacífica, começou a ficar tumultuada quando chegou no trecho da Agamenon Magalhães, nas imediações do Instituto de Criminalística. Para forçar a passagem, alguns arremessaram pedras contra os PMs e tentaram furar o bloqueio. Houve correria e um adolescente de 16 anos chegou a ser apreendido. Um dos policiais afirmou que na mochila dele havia um papelote com substância com cheiro característico de maconha. O jovem foi levado à Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA). Em meio à confusão, lojas de um shopping localizado nas proximidades fecharam as portas por 40 minutos.
O impasse nas proximidades do Espaço Ciência persistiu por mais de uma hora. O clima era tenso. De um lado, manifestantes queriam ter acesso à entrada do Centro de Convenções e solicitavam reunião com o governo, com a participação de pelo menos 30 pessoas. Do outro, a PM negava o pedido e informava que os representantes do governo só iriam receber uma comissão formada por dez manifestantes. O Centro de Convenções foi cercado com policiais do Batalhão de Choque e da Cavalaria. Alguns policiais estavam ostensivamente armados e portavam spray de pimenta. Não houve acordo e os manifestantes decidiram mudar a rota da marcha, deixando a Agamenon Magalhães por volta das 18h30 e saindo em caminhada pela Avenida Cruz Cabugá.
A marcha, que saiu da Praça do Derby por volta das 15h e até então seguia pacífica, começou a ficar tumultuada quando chegou no trecho da Agamenon Magalhães, nas imediações do Instituto de Criminalística. Para forçar a passagem, alguns arremessaram pedras contra os PMs e tentaram furar o bloqueio. Houve correria e um adolescente de 16 anos chegou a ser apreendido. Um dos policiais afirmou que na mochila dele havia um papelote com substância com cheiro característico de maconha. O jovem foi levado à Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA). Em meio à confusão, lojas de um shopping localizado nas proximidades fecharam as portas por 40 minutos.
O impasse nas proximidades do Espaço Ciência persistiu por mais de uma hora. O clima era tenso. De um lado, manifestantes queriam ter acesso à entrada do Centro de Convenções e solicitavam reunião com o governo, com a participação de pelo menos 30 pessoas. Do outro, a PM negava o pedido e informava que os representantes do governo só iriam receber uma comissão formada por dez manifestantes. O Centro de Convenções foi cercado com policiais do Batalhão de Choque e da Cavalaria. Alguns policiais estavam ostensivamente armados e portavam spray de pimenta. Não houve acordo e os manifestantes decidiram mudar a rota da marcha, deixando a Agamenon Magalhães por volta das 18h30 e saindo em caminhada pela Avenida Cruz Cabugá.
Policiais militares que participaram do bloqueio à sede do governo de PE estavam armados (Foto: Rafaella Torres / G1)
De acordo com a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) do
Recife, participantes do ato ainda se reuniram em outros pontos da
cidade: em frente à Vice-Governadoria de Pernambuco, na Avenida Cruz
Cabugá, e à Câmara Municipal do Recife, na Rua Princesa Isabel, além da
Praça do Derby e Avenida Conde da Boa Vista.
O advogado Thiago Rocha, que acompanhava a marcha, disse que a decisão de encerrar a manifestação foi tomada devido à forma como o governo recebeu o protesto. "O governo se dispôs a receber dez pessoas, e o mínimo que os manifestantes aceitavam era enviar 20 representantes. Eles [manifestantes] não se sentiram à vontade para fazer uma plenária aqui e buscar uma forma de dialogar com o governo, mesmo tendo uma pauta de reivindicações para entregar, pois a recepção foi péssima, com essa barreira da polícia, com o Choque e a Cavalaria”, argumentou.
Além do adolescente, outro homem foi detido quando a marcha passava pela Agamenon Magalhães, nas redondezas do bairro do Torreão. A PM alegou que ele arremessou pedras contra uma policial militar, que ficou ferida e foi socorrida e levada para uma unidade de saúde da capital. Um fotógrafo também foi atingido e se feriu na cabeça.
O advogado Thiago Rocha, que acompanhava a marcha, disse que a decisão de encerrar a manifestação foi tomada devido à forma como o governo recebeu o protesto. "O governo se dispôs a receber dez pessoas, e o mínimo que os manifestantes aceitavam era enviar 20 representantes. Eles [manifestantes] não se sentiram à vontade para fazer uma plenária aqui e buscar uma forma de dialogar com o governo, mesmo tendo uma pauta de reivindicações para entregar, pois a recepção foi péssima, com essa barreira da polícia, com o Choque e a Cavalaria”, argumentou.
Além do adolescente, outro homem foi detido quando a marcha passava pela Agamenon Magalhães, nas redondezas do bairro do Torreão. A PM alegou que ele arremessou pedras contra uma policial militar, que ficou ferida e foi socorrida e levada para uma unidade de saúde da capital. Um fotógrafo também foi atingido e se feriu na cabeça.
Por volta das 21h30, a Delegacia de Santo Amaro, na área central da
cidade, confirmou que duas mulheres foram detidas com fogos de artifício
e serão liberadas após a confecção de um Termo Circunstanciado de
Ocorrência (TCO). Até o fechamento desta reportagem, a Secretaria de
Defesa Social (SDS) informou que estava fechando o balanço de prisões
durante o movimento.
Manifestantes lançaram bombas juninas e pedras contra os policiais militares (Foto: Luna Markman / G1)
O mecânico Genival Lima participou da passeata da semana passada e
decidiu sair às ruas novamente hoje. "Eu saí para protestar porque moro
perto da Arena Pernambuco [estádio construído para receber os jogos das
copas das Confederações e do Mundo] e as ruas não têm calçamento nem
esgoto. Fizeram aquele estádio de milhões e nós continuamos sem nada",
reclamou ele, que é morador de São Lourenço da Mata, na Região
Metropolitana.
"Ando de ônibus lotado, pago passagem cara e defendo outro modelo de licitação, não essa que está sendo feita pelo governo. Também luto pela liberdade de expressão e liberdade de associação, de o povo estar na rua sem recriminação policial por isso. Esse movimento não termina aqui, vai ser contínuo", afirmou o estudante da Faculdade de Direito do Recife, Tiago Lima.
“A PEC 37 cair foi importante, mas agora vamos tirar o [Marco] Feliciano porque ele não representa o povo", comentou a professora Sandra Fernandes, enquanto segurava faixa que pedia a saída do pastor e deputado federal do PSC da presidência da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara.
Enfermeiros aderem à marcha
Antes de sair às ruas, os manifestantes se reuniram na Praça do Derby, no início da tarde. No local, receberam apoio de um grupo de enfermeiros que protestavam em frente ao Hospital da Restauração (HR). Por volta das 13h30, centenas de profissionais, técnicos e estudantes de enfermagem tomaram a Agamenon Magalhães para cobrar reajuste salarial, carga horária de trabalho de 30 horas e repudiar o ato médico, que lista uma série de procedimentos que poderão ser realizados exclusivamente por médicos formados. Os manifestantes seguravam cartazes e faixas e usavam batas e narizes de palhaço.
"Ando de ônibus lotado, pago passagem cara e defendo outro modelo de licitação, não essa que está sendo feita pelo governo. Também luto pela liberdade de expressão e liberdade de associação, de o povo estar na rua sem recriminação policial por isso. Esse movimento não termina aqui, vai ser contínuo", afirmou o estudante da Faculdade de Direito do Recife, Tiago Lima.
“A PEC 37 cair foi importante, mas agora vamos tirar o [Marco] Feliciano porque ele não representa o povo", comentou a professora Sandra Fernandes, enquanto segurava faixa que pedia a saída do pastor e deputado federal do PSC da presidência da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara.
Enfermeiros aderem à marcha
Antes de sair às ruas, os manifestantes se reuniram na Praça do Derby, no início da tarde. No local, receberam apoio de um grupo de enfermeiros que protestavam em frente ao Hospital da Restauração (HR). Por volta das 13h30, centenas de profissionais, técnicos e estudantes de enfermagem tomaram a Agamenon Magalhães para cobrar reajuste salarial, carga horária de trabalho de 30 horas e repudiar o ato médico, que lista uma série de procedimentos que poderão ser realizados exclusivamente por médicos formados. Os manifestantes seguravam cartazes e faixas e usavam batas e narizes de palhaço.
Em alguns momentos, os enfermeiros interditaram os dois sentidos da
via, fechando cruzamentos e provocando lentidão no trânsito. "Entre as
nossas reivindicações, pedimos união da classe, melhores condições de
trabalho e regulamentação da carga horária de 30 horas. Atualmente
trabalhamos 40 horas e não ganhamos salário que compense isso", disse a
enfermeira Eunice Beatriz Silva, que saiu de Carpina, na Mata Norte do
estado, para protestar no Centro da capital.
O Sindicato dos Enfermeiros no Estado de Pernambuco (Seepe) comunicou, na noite desta quarta (26), que os profissionais lotados em unidades da rede municipal do Recife vão paralisar as atividades nesta quinta (27) e sexta (28). Eles decidiram cruzar os braços para pressionar a gestão municipal por melhores condições de trabalho. A categoria está em estado de greve desde 14 de maio.
O Sindicato dos Enfermeiros no Estado de Pernambuco (Seepe) comunicou, na noite desta quarta (26), que os profissionais lotados em unidades da rede municipal do Recife vão paralisar as atividades nesta quinta (27) e sexta (28). Eles decidiram cruzar os braços para pressionar a gestão municipal por melhores condições de trabalho. A categoria está em estado de greve desde 14 de maio.
Com máscara do Anonymous, manifestante acompanha passeata no Recife (Foto: Alexandre Morais / G1)
Governo diz que pauta “já está praticamente atendida”
Em nota enviada à imprensa, o Governo de Pernambuco afirmou que “a pauta apresentada pelo movimento é legitima e já está praticamente atendida por ações concretas definidas antes e independentemente dos protestos”. Acrescentou que os incidentes no entorno do Centro de Convenções foram provocados por participantes mais radicais do protesto, que teriam atirado bombas nos funcionários do estado.
O comunicado destacou ainda a tentativa frustrada de entendimento entre manifestantes e o secretário estadual de Articulação Social e Regional, Aluísio Lessa. Frisou que Pernambuco “tem a terceira passagem de ônibus mais barata do Brasil, resultado de uma política que fez do IPCA o indicador oficial para definição dos reajustes, e que o governo transferiu imediatamente para a tarifa a desoneração concedida pela União”. O governo apontou que desde 2008 a passagem aumentou 34,4% enquanto a inflação crescia 43,7%.
Em nota enviada à imprensa, o Governo de Pernambuco afirmou que “a pauta apresentada pelo movimento é legitima e já está praticamente atendida por ações concretas definidas antes e independentemente dos protestos”. Acrescentou que os incidentes no entorno do Centro de Convenções foram provocados por participantes mais radicais do protesto, que teriam atirado bombas nos funcionários do estado.
O comunicado destacou ainda a tentativa frustrada de entendimento entre manifestantes e o secretário estadual de Articulação Social e Regional, Aluísio Lessa. Frisou que Pernambuco “tem a terceira passagem de ônibus mais barata do Brasil, resultado de uma política que fez do IPCA o indicador oficial para definição dos reajustes, e que o governo transferiu imediatamente para a tarifa a desoneração concedida pela União”. O governo apontou que desde 2008 a passagem aumentou 34,4% enquanto a inflação crescia 43,7%.
A Secretaria Estadual de Articulação Social e Regional lembrou que o
edital para a contratação das empresas que vão operar o sistema de
transporte coletivo da Região Metropolitana do Recife foi publicado pela
segunda vez. O documento, “assim como o contrato a ser firmado com os
vencedores da licitação, dá resposta objetiva a questões como planilha
de custos e distribuição de tarifas entre os diferentes anéis”.
O Executivo estadual garantiu que o edital de licitação, com todas as suas planilhas, será publicado nesta quinta no Portal da Transparência e será encaminhado ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público para acompanhamento em tempo integral. “Com a contratação por licitação, será possível para o estado e a própria população exigirem das empresas um serviço de qualidade. Os usuários avaliarão permanentemente o serviço e quem não se adequar, pode até perder o contrato”.
O Executivo estadual garantiu que o edital de licitação, com todas as suas planilhas, será publicado nesta quinta no Portal da Transparência e será encaminhado ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público para acompanhamento em tempo integral. “Com a contratação por licitação, será possível para o estado e a própria população exigirem das empresas um serviço de qualidade. Os usuários avaliarão permanentemente o serviço e quem não se adequar, pode até perder o contrato”.
FONTE: G1 PE.
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