sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Alta de combustível deve puxar a de alimentos, dizem economistas

Alta de combustível deve puxar a de alimentos, dizem economistas

Repasse deve chegar de forma proporcional também aos transportes.
Aumento não deve comprometer o alcance da meta de inflação no ano.


A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (29) que os preços da gasolina e do diesel serão reajustados a partir deste sábado (30) nas refinarias. O reajuste será de 4% para a gasolina e de 8% para o diesel.
A tendência é que o aumento seja repassado às bombas, chegue ao preço do frete e, com isso, ajude a elevar os preços de produtos que dependem de transporte – como os agrícolas, diz o professor da Escola de Economia da FGV-SP, Samy Dana.
Assim, o combustível tem impacto imediato em outros produtos e serviços, diz ele. “Tem o que a gente chama de aumento em cascata. O produto sai do produtor para o distribuidor com frete mais caro; vai de lá para o supermercado mais caro; e vira uma bola de neve. É transferência de custo quase imediata, já que os produtos dependem disso (transporte)”, afirma.
Repasse diluído
O repasse para produtos e serviços não deve ser integral, no entanto, por conta da concorrência – como se vê entre os supermercados – e o ritmo fraco da atividade econômica. “(O aumento) já não chega inteiro ao posto porque tem outros custos. O camarada não pode cobrar 5% a mais no alface se o diesel subiu 5%. Tem um impacto, mas é só uma parte do custo”, diz o economista da LCA, Francisco Pessoa.
O reajuste depende de os setores “poderem” repassar a alta, aponta Samy. Ele vê mais potencial de aumento em setores com concorrência menor, como aéreo e automobilístico, que têm justamente margem de lucro grande e poderiam segurar a alta. Já as feiras livres e supermercados, na avaliação dele, são os que menos devem ter aumentos de preços para o consumidor, já que enfrentam concorrência mais forte.
A alta da gasolina também deve ser mais direta no preço do táxi, que depende de autorização do setor público, e nos custos de pequenos negócios que usam veículos a gasolina, afirma Pessoa, da LCA. Já a subida do diesel gera impacto mais generalizado porque encarece o custo dos transportes públicos, fazendo com que subam para o consumidor ou seja preciso mais subsídio.
Economia informal
Nos setores de comércio e serviço informais e de menor porte, como cabeleireiro, mecânico e eletricista o repasse pode ser integral, por um "movimento de contaminação", segundo o economista Miguel Daoud. "Grande parte do setor de serviços, padarias, bares, não calculam a proporção do combustível no seu negócio. Quando aumenta a gasolina, você joga faísca exatamente nos setores que são os mais usados”, diz ele, que acredita que isso pode fazer com que o impacto na inflação seja maior.
O aumento deve migrar para outros itens, segundo Daoud. “Tenho certeza, na prática é isso que acontece. Repasse para mercado de consumo não tem como negociar”, diz.
Meta de inflação
Em relação à inflação, os economistas veem que a alta dos combustíveis deve fazer com que ela aumente, mas não a ponto de comprometer o teto da meta oficial de inflação, que é de IPCA de 6,5% ao ano. “Mesmo com o aumento de gasolina, não deve comprometer a meta”, diz Francisco Pessoa, da LCA.
FONTE G1.

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